Com o desenvolvimento das tecnologias, novas soluções foram criadas e muitas delas foram otimizadas, acabaram evoluindo e se tornaram mais completas. Um ótimo exemplo é o MRP.
Esse software surgiu como uma ferramenta para auxiliar as indústrias na gestão de materiais, evoluiu com o tempo e hoje faz parte do ERP.
Nesse artigo, você verá tudo sobre o MRP, como ele acabou agregando funções e evoluiu para um sistema de gestão completo, agregando muito mais benefícios às indústrias.
MRP quer dizer Material Requirement Planning. Ele é um software que calcula as quantidades de todos os materiais necessários para a produção de uma empresa, ou seja, as matérias-primas.
A primeira forma de planejamento de recursos de forma automatizada em uma fábrica se deu com a sua chegada.
Mas, com o passar do tempo, viu-se a necessidade de controlar os processos de fabricação e surgiu o MRP II. Esse sistema tem o objetivo de realizar o planejamento dos recursos de manufatura.
Assim, o novo software de gestão possibilitou que novas funcionalidades fossem incorporadas. Entre elas, vendas e financeiro. Mas, a empresa ainda precisaria de dois ou mais sistemas, já que a parte contábil não tinha abrangência em nenhuma destas soluções.
Por isso, o Material Requirement Planning passou a integrar o ERP – e falaremos mais sobre essa integração mais adiante, ainda aqui neste conteúdo.
O conceito de gestão corporativa e tecnológica não vem de hoje. Na verdade, sua história começou na década de 1950, nos Estados Unidos.
Mas era algo pouco acessível, por conta do seu alto custo, além da automação ser muito lenta na época.
O primeiro sistema Material Requirement Planning autônomo foi implementado em 1964 na Black & Decker. Mas, foi adotado por poucas indústrias.
Já no início da década de 1970, com a expansão econômica americana, o país colaborou para uma grande disseminação de sistemas. Assim, houve um aumento considerável no número de fábricas que utilizavam o MRP (Material Requirement Planning).
Por volta da década de 80, houve uma necessidade de melhorar o controle sobre a produção e, assim, houve uma evolução para o MRP II. Então, agregou-se funções como a gestão de vendas e financeira da produção.
Logo percebeu-se que seria preciso que as informações referentes à gestão da produção precisariam de uma integração maior com outras partes da gestão.
Dessa forma, surgiu o que conhecemos hoje como o sistema ERP (Enterprise Resource Planning), um sistema que integra toda a gestão empresarial.
Existem dois tipos principais de MRP: o MRP I (ou MRP 1) e o MRP II (ou MRP 2).
O MRP I (Material Requirements Planning ou Planejamento das Necessidades Materiais) é um sistema de gerenciamento de estoque. Em outras palavras, ele auxilia as empresas a gerenciar e planejar as necessidades de materiais.
Já o MRP II (Manufacturing Resource Planning ou Planejamento dos Recursos de Manufatura) é uma evolução do MRP I. Dessa forma, inclui outras funções além do gerenciamento de estoque, como programação de produção, planejamento de capacidade, gerenciamento de compras e recursos financeiros.
A evolução tecnológica para criação entre eles demorou cerca de 20 anos. Isso porque o MRP I teve sua criação por volta de 1960, enquanto o MRP II surgiu por volta da década de 80.
Para fazer os cálculos, o MRP reúne todas as informações que tem disponíveis para criar uma rotina de compra e produção para a empresa. Assim, garante que não haja recursos em escassez e nem em excesso.
Dessa forma, evita gastos desnecessários, dinheiro parado em estoque e perda de vendas.
Na prática, o MRP baseia os seus cálculos em três informações:
Não, o Material Requirement Planning não é um sistema de gestão.
Como falamos, ele serve para calcular os componentes necessários para a fabricação de produtos. Porém, não envolve outras áreas do negócio, como o comercial, a gestão de pessoas, finanças e contabilidade.
Em resumo, ele funciona como um módulo que pode ser integrado ao ERP, que é um sistema mais completo e faz a gestão de diferentes áreas dentro da empresa.
O MRP funciona pela lógica de backward scheduling, que é quando o planejamento parte do produto pronto.
Dessa forma, as etapas de produção vão sendo mapeadas do final até o começo. Além disso, nesse processo, são levantados os materiais necessários para a fabricação e quantidade de cada um deles.
Para que o Material Requirement Planning funcione corretamente, ele precisa ser alimentado com informações como:
Antes de mostrarmos quais são os componentes, é importante deixar claro que o MRP I e o Material Requirement Planning II são dependentes um do outro. Porém, o Material Requirement Planning II é considerado um complemento do MRP I.
O Material Requirement Planning I pode ser implementado no MRP II, mas o contrário não acontece.
O Material Requirement Planning, como falamos até aqui, tinha o foco somente no processo produtivo, estrutura do produto, estoque e aquisição de materiais.
Porém, as empresas estavam com uma necessidade cada vez maior de integrar e agregar novos processos, como a contabilidade e, mais recentemente, o relacionamento com o cliente (CRM).
Assim, como as indústrias estavam utilizando diversos sistemas para controlar cada setor, observou-se a necessidade de agregar todas estas funcionalidades essenciais em um único software.
Enquanto o MRP se concentrava nos aspectos de fabricação, controle de estoque e pedidos do negócio, o ERP é um sistema integrado de gestão empresarial. Dessa forma, é projetado para fornecer uma solução abrangente para uma ampla gama de funções de negócios.
Sistemas ERP bem-sucedidos integram fluxos de informações internas e externas para organizar e fornecer dados de negócios em toda a empresa.
Quando o Material Requirement Planning foi incorporado a um sistema ERP específico da indústria, as vantagens foram muito além do gerenciamento eficiente e do tempo de inventário.
Desde o início da entrada do pedido de vendas até o processo de fabricação e contabilidade, o ERP é um software completo com um banco de dados centralizado. Assim, fornece os dados necessários para o MRP ajudar efetivamente a planejar a produção, compras e seu inventário disponível.
Considerando a oferta, a demanda e os requisitos previstos para qualquer data futura, sua fábrica pode ser mais enxuta.
O Material Requirement Planning analisa seus requisitos exclusivos de lista de materiais. Dessa forma, Inclui a quantidade de seus ingredientes, prazos de pedidos, quantidades mínimas de pedidos, taxas de rendimento e refugo e requisitos de estoque de segurança. A ideia é ajudá-lo a planejar com eficiência sua produção e pedidos.
Com a integração destes dois sistemas, muitos benefícios surgiram para as indústrias. Então, confira alguns deles abaixo.
O MRP calcula todas as quantidades necessárias de materiais em muito menos tempo do que uma pessoa é capaz, mesmo usando planilhas e fórmulas.
Assim, ele reduz o tempo do processamento de planejamento para apenas alguns minutos.
Os cálculos feitos por um sistema praticamente nunca entregam resultados errados. Em resumo, as falhas nas programações de compras, quando elas são feitas por um Material Requirement Planning, são reduzidas a quase zero – acontecem somente quando os usuários cadastram dados errados.
O sistema considera as políticas de estoque mínimo e máximo e as informações de estoque de segurança e de lote mínimo.
Dessa forma, o seu cálculo combina a demanda de um período aos padrões da empresa para definir o que precisa ser comprado, reduzindo o custo do estoque.
Como vimos, o MRP pode ser bem vantajoso para a indústria, mas também tem a desvantagem de ser um sistema complexo. Sendo assim, seria interessante já possuir experiência em gerenciamento de estoque ou planejamento de produção.
O sistema MRP depende de dados precisos sobre estoque, prazos de fornecedores, dentre outros fatores. Então, é preciso avaliar se o investimento, para implementação e manutenção do sistema, será positivo para a empresa.
O Material Requirement Planning é um sistema necessário para todas as fábricas que precisam ter controle sobre os pedidos dos clientes. Além disso, também serve para quem tem processos produtivos de média e alta complexidade.
O MRP pode ajudar o gestor a priorizar entregas, escaloná-las em lotes menores, negociar com os clientes e terceirizar partes de itens a serem fabricados.
O MRP ajuda a prever a demanda de pedido. Assim, é possível minimizar atrasos nas entregas e evitar compras em excesso ou escassez.
Para esse cálculo, o MRP considera informações como a sazonalidade, estoque, carteira de clientes e níveis de fidelidade, pontualidade dos fornecedores, cenário econômico, entre outras coisas.
O MRP rastreia todas as movimentações dos materiais dentro da fábrica. Dessa forma, facilita o controle de lotes de materiais.
O plano de pedidos e previsões de vendas passam por sofisticados cálculos antes de serem construídos. Assim, geram ordens de produção, solicitações de compras e empenhos de materiais e recursos.
As solicitações geradas pelo Material Requirement Planning incluem agrupamento das quantidades por item. Além disso, eles costumam ter contrato de fornecimento ou fornecedor preferencial, passar por cotação, entre outras coisas.
O envio de pedidos pode ocorrer no formato eletrônico ou impresso, a depender da preferência do fornecedor.
As ordens geradas pelo MRP podem já estar firmadas ou ser firmadas à medida que forem produzidas. A forma de firmar também varia, podendo ser manual, feita por um operador, ou de modo eletrônico.
O MRP também facilita a gestão dos custos reais da produção. Ele considera tanto os custos diretos, que são aqueles que envolvem a compra de matéria-prima, mão de obra, etc; como os custos indiretos, que envolvem os processos administrativos.
Existe uma grande diferença entre o Material Requirement Planning e o ERP. O primeiro é um software que tem a função de calcular a quantidade de matéria-prima para que a produção aconteça de forma adequada.
Ele não abrange nenhuma outra área da empresa, como a gestão das finanças, contabilidade, gestão de clientes, etc.
Mas, como o ERP é um software mais completo, engloba todas essas outras áreas citadas e tem a opção de incluir ainda o MRP.
Como vimos, o MRP depende de dados precisos dos processos da empresa. Sendo assim, integrar o sistema MRP com um ERP robusto tende a facilitar o recolhimento desses dados de forma automatizada. Isso diminui a possibilidade de erro e aumenta a eficiência da produção.
A integração dos sistemas permite que as empresas consigam acessar as informações em tempo real sobre estoques, vendas, compras e outros fatores. Assim, é possível ter uma tomada de decisões mais precisa.
Permite, também, que as empresas personalizem com maior facilidade seus sistemas de acordo com suas necessidades específicas. Isso ajuda a aumentar a flexibilidade e a adaptar-se rapidamente a mudanças no mercado.
Algumas etapas são imprescindíveis para a utilização do MRP. Por isso, a seguir, vamos entender quais são essas etapas.
A primeira etapa é o planejamento da produção. Nessa fase, a empresa deverá determinar o que será produzido, quando e qual a quantidade.
Por isso é importante ter dados e estratégias precisos, tais como volume de vendas, custo e lucro.
Além disso, nessa etapa também é importante levar em consideração fatores como sazonalidade, questões geográficas e de distribuição da produção.
Aqui, com as informações do planejamento da produção, vamos determinar o fluxo de produção da empresa em um período, considerando as capacidades da empresa.
O objetivo é determinar o que será produzido, detalhando como a produção será realizada. Mas, é preciso levar em consideração as demandas e prazos de entrega.
O Plano Mestre de Produção (Master Production Scheduling) inclui diversas informações. As mais comuns são a programação de produção, a seleção de métodos de produção, a alocação de recursos, a previsão de demanda e a gestão de estoques.
O objetivo dessa etapa é garantir que a produção seja realizada de maneira eficiente e eficaz, atendendo às necessidades do mercado e maximizando a utilização dos recursos.
Após a aprovação do Plano Mestre de Produção, vamos para a parte de Planejamento das Necessidades de Materiais (Material Requirements Planning). Nela, vamos planejar o que será necessário de materiais para o período de produção considerado.
O objetivo da etapa é garantir que não haja interrupção na produção por falta de materiais. Além disso, também busca fazer com que os estoques sejam mantidos em níveis mínimos para o funcionamento da produção, minimizando os custos.
No Planejamento das Necessidades de Capacidade (Capacity Requirements Planning) é determinado se a capacidade de produção existente na empresa é suficiente para atender às necessidades do planejamento de produção.
Assim, caso seja necessário, pode-se realizar o planejamento para aumento da capacidade, incluindo a aquisição de novos equipamentos ou a contratação de mais funcionários.
O objetivo dessa etapa é garantir que a produção seja realizada de maneira eficiente. Dessa forma, dá pra evitar possíveis gargalos na produção e maximizando a utilização dos recursos.
Após todas as outras etapas serem realizadas, é feita a execução do que foi planejado anteriormente. Mas é claro, sempre verificando se está tudo ocorrendo como planejado e verificando a necessidade de possíveis ajustes ou melhoramentos na produção.
Agora que já vimos como funciona o MRP na teoria, vamos ver como ele pode te ajudar na prática.
Mas, para isso, vamos imaginar que você tem uma indústria de confecção de roupas. Agora, vamos entender como o MRP pode auxiliar na gestão da sua fábrica, na logística e na administração da empresa.
Para a fabricação das peças, você precisa de itens como algodão, poliéster, linho e uma série de outros tecidos. É importante considerar variações de cores, além da linha utilizada para a costura.
Além da matéria-prima, você também precisa do maquinário para a produção das peças, bem como da mão de obra para a operação.
Como vimos nas etapas do MRP, ele pode processar todas as informações sobre os tipos de tecidos e cores utilizados na produção. Além disso, também pode ajustar as quantidades de acordo com cada peça produzida e verificar se a estrutura atual da fábrica tem capacidade para as demandas.
Quanto à logística da operação, o MRP vai auxiliar na sua gestão de tempo de produção. Para tanto, entende quanto tempo demora para cada peça ser produzida e em quais processos ela precisará passar.
Também irá auxiliar na manutenção do estoque de materiais. Isso porque é preciso garantir o necessário para a fabricação da quantidade ideal de peças, no tempo e na medida certa, minimizando custos e retrabalhos.
Tendo o controle dos processos para fabricação e logística, você conseguirá ter uma melhor administração do seu negócio.
O MRP ajuda a garantir que você tenha controle sobre a matéria-prima necessária, sobre o estoque, prazos, dentre outros dados como vimos anteriormente.
Tudo isso irá te auxiliar a administrar o processo do início da produção de uma peça de roupa até a entrega para o seu cliente. Assim, você maximiza o uso de recursos da sua empresa, minimizando custos da operação.
Para que o MRP faça os cálculos corretamente, é preciso fornecer algumas informações ao sistema. Para fazer isso, defina:
A melhor forma de ter acesso a um Material Requirement Planning é contratando um sistema ERP robusto. Ele deve garantir, além do cálculo de materiais, a gestão de diversas outras áreas da empresa.
No entanto, negócios pequenos ou iniciantes, que não podem ainda fazer esse importante investimento, podem usar algumas ferramentas mais simples para fazer os cálculos.
Alguns exemplos são o Excel, para tabulação de dados e relatórios, e o Trello, para gerenciamento de compras e prioridades. Além disso, temos o Google Agenda para ajudar no controle de prazos e o Lucidchart/Bizagi, que mapeia os processos logísticos.
Enquanto faz a gestão com essas ferramentas, o ideal é que a empresa planeje, junto com o seu crescimento, o investimento em ferramentas mais completas e tecnológicas. Um bom exemplo é o ERP com o MRP integrado.
Chegando no final deste artigo você entendeu o que é o MRP, seu processo de evolução até ser integrado ao sistema ERP.
Também consegue definir quais as etapas e dados necessários para o uso do MRP e viu benefícios e desvantagens do uso.
Viu que o uso de um ERP para indústria com as funções contempladas pelo MRP facilita muito na gestão da sua indústria. E isso principalmente quando falamos questões de gestão de estoque, produção e lote, dentre outras funcionalidades.
Fique por dentro de todas as novidades do mundo da indústria, assine nossa newsletter e receba em seu e-mail todos os nossos conteúdos sobre o tema.
1 Comentário “O Que É MRP, Como Funciona E Como Adotá-lo Na Sua Empresa”